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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pode valer mais a pena alugar um carro que comprar

Depois da casa própria, o automóvel é o grande sonho de consumo do brasileiro.

Mas vem de muito tempo, entre os especialistas, a discussão sobre a racionalidade de adquirir um bem que dá (bastante) despesa e perde o seu valor ao longo dos anos. Parece mais ilógico, ainda, se for financiado, com todos os encargos que os empréstimos têm.

O senso comum geralmente considera o veículo um ativo, um patrimônio, porém, segundo o arrazoado de alguns economistas, não é –trata-se, na realidade, de um passivo, propriedade que vai diminuir a riqueza da família ao invés de aumentá-la.

Assumindo-se tal premissa como verdadeira, e tentando buscar uma solução para o dilema (é indiscutível o conforto proporcionado pelo carro), alugar o automóvel e não comprá-lo apresenta-se como uma ideia interessante.

Considerando um veículo modelo do ano atual, 1.0, flex fuel (bicombustível), no Estado de São Paulo, a estimativa de custos de um carro próprio de R$ 30.000, financiado pelo banco, é a seguinte:

Gastos mensais, em % do valor do bem
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores): 0,33% (R$ 100)*
Seguro: 0,5% (R$ 150)*
Juros do crédito: 2,29%** (R$ 687)
Manutenção: 1,1%* (R$ 330)
Depreciação: 1,88%*** (R$ 564)
TOTAL APROXIMADO: 6,1% (R$ 1.831)
ATENÇÃO:
*as despesas anuais, obtidas a partir de pesquisa no mercado, foram diluídas pelos meses
**média das instituições financeiras em outubro, de acordo com o levantamento mais recente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade)
***cálculos feitos a partir da tabela Fipe
RESSALVA IMPORTANTE:
Os preços foram pesquisados na cidade de São Paulo, no mês de janeiro. Portanto, pode haver diferenças para outras regiões do país.

Com um contrato anual, o valor de aluguel mensal de um carro nas mesmas condições fica entre R$ 1.200 e R$ 1.500 (de 4% a 5% do valor do automóvel). A vantagem reside no fato de que o seguro, a manutenção e a depreciação estão incluídos na tarifa cobrada pela locadora. (Não se computa a despesa com combustível na comparação porque o montante é igual em ambos os casos.)

Na discussão do assunto, pode-se argumentar que a taxa de depreciação do veículo vai diminuindo e o financiamento também chega ao final algum dia. Então, depois de um determinado período –cerca de quatro ou cinco anos– a conta fica favorável ao carro próprio. Entretanto, o que se observa no país no momento é que os financiamentos são feitos por um prazo médio de 48 meses e, depois disso, o motorista se apressa em trocar o seu veículo por um modelo mais recente, contratando novo empréstimo.

“É mais inteligente pagar pelo uso do que pela posse de um veículo”, defende João Claudio Bourg, presidente da ABLA (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis).

Todo esse raciocínio é baseado na razão econômica. Nem toda matemática do mundo consegue, porém, refutar ponderações emocionais, como a que surge da sensação de conquista que o carro oferece. E aí cada consumidor sabe qual é a sua medida.

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